De algum modo, e por mais que este blog esteja longe de ter qualquer tipo de agenda, sinto-me com vários posts
Mas há uma coisa que entretanto não fica para trás, de tão merecedora de umas palavrinhas que é, e a publicidade institucional da 2 acabou de mo relembrar – sim, pois, a estas horas feita couve a olhar para a televisão no quarto de hotel, é o glamour do teatro, meus amigos. Adiante. Como diz o anúncio, o sucedâneo da defunta Festa da Música vai ter pianos e mais pianos e mais pianos. E mais uns quantos. E mais alguns pelos espaços de passagem do público, entre salas, entre concertos. Junto a cada um destes pianos vai estar um jovem pianista, com a tripla função de vigilante, animador e professor. Ou seja, tem de assegurar a integridade dos bichos; esclarecer dúvidas de quem a eles se dirige - práticas, teóricas, históricas, musicológicas, o que aparecer -, e eventualmente/certamente, tocar; estar disponível para fazer demonstrações de uma primeira aula de piano, a quem se mostrar interessado em experimentar.
Interessante, pensei eu, quando o meu puto pianista me disse que tinha sido convidada para essa função. Difícil, mas interessante, para os pianistas e para o público. Então e é razoavelmente bem-pago, não? Sim sim, claro, responde-me ela, ofereceram-me uma senha de almoço e uma t-shirt.
…
Quando parar num destes pianos, se por acaso o pianista-vigilante não tiver o entusiasmo de que está à espera, lembre-se de que a maioria dos convidados para esses lugares se recusou a fazê-lo. Caramba, trocar três horas de estudo por uma proposta que não é nada senão ofensiva e desonesta? Vão-se… enfim. Lembre-se portanto de que o pianista que tem à sua frente provavelmente viu dois ou três dias preciosos do seu trabalho virados do avesso porque, na maior das boas vontades, se propôs a fazer umas horitas e foi depois desesperadamente convidado a fazer muito mais. Talvez por mais um almoço. Ou uma sweater. Mais valia ir para o metro com um órgãozito de pilhas.
8 comentários:
ácido!
Defunta festa da música?
Quando puto me contou eu nem queria acreditar! Mas a avaliar pelo estado do emprego neste país nem sei porque é que ainda fico admirada!
Não sei se consigo chamar a isto o estado do emprego no país... Creio que é mais o estado da falta de vergonha na piolheira. Eu é que lhes empregava umas valentes bofetadas nas fuças... Irra!
É, não apetece mesmo mais nada. Um gato morto nas trombas até que o gato mie... chiça, que é preciso ser indecente ou estúpido para fazer uma proposta destas a pessoas que andam há anos a formar-se e só assim podem fazer um trabalho destes, que é tudo menos fácil. Falta de vergonha na cara, é o que é.
diria que é indecoroso.
mas há uma coisa que eu estranho, que é haver gente que se presta a pôr-se de gatas...
não é apenas na música ou na cultura, mas na sociedade toda. falta de amor próprio e de respeito. não sei.
digo-te, não é só nesse país...
...neste aqui também...
e ainda há quem ache que em Espanha é que é!
mas, concretizando e centrando-me no dito renascimento após um ano de
hibernação de um evento que, em minha modesta opinião, era benvindo e
benéfico para toda a gente, feitas as contas a tanta cara-de-pau, a
tamanha exploração e a tanta desconsideração, mais valia que
comprassem um concerto ao Quim Barreiros!
beijos, minha linda e, já sabes, voto a favor das vendedoras de
jornais, assim como das destribuidoras (ainda acho que tenho alguma
cultura, caramba!) e dos senhores que cortam a relva, só o perfume que
deixam no ar vale por meia dúzia de anos passados a marrar na
faculdade (ou a emborrachar-se, consoante os gostos!)
Ora nem mais! E está tudo dito. Cheiros bons neste mundo, o perfume das violetas, o cheiro a terra molhada e a relva acabada de cortar. :)
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