Balanço de semana sem postas
Quando se traduz em contra-relógio perde-se a capacidade de escrever mais uma única linha ao computador. O bicho só serve para trabalho e jogos idiotas para desopilar. Nem para os e-mails sobra coragem.
Quando se traduz em contra-relógio, é bom ter a ajuda do Gould com as Goldberg. Parece que os dedos se juntam na mesma velocidade, ainda que a 60 anos de distância.
Quando se traduz em contra-relógio algo que não nos vai à alma, é bom ter a ajuda do Gould com as Goldberg e fingir que o que nos sai dos dedos não são receitas saudáveis para o fim-de-semana, mas aqueles sons... aquelas frases.
Quando se traduz em contra-relógio, as nove do Beethoven são uma má escolha. Não só é impossível ficar calado, como é um esforço absolutamente desumano tentar manter os dedos no teclado em vez de agitar os braços e achar que aquilo sai das nossas mãos e não da batuta do Rattle. Já assistir às imagens do enforcamento mais democrático das democracias modernas ao som do Finale da 9.ª vagueia entre o poético e o patético. Alle Menschen werden Brüder, wo dein sanfter Flügel weilt.
Quando se traduz em contra-relógio é bom intervalar regularmente para ir até ao piano ler a Ária das Goldberg. Ao fim de semana e meia está de cor e quase sem ter dado por ela. Depois, basta sorrir face à possibilidade de nos próximos dez anos conseguir estudar as variações que se seguem.
Quando mais uma vez se passa o ano na casa mais linda do mundo, é bom não claudicar antes do nascer do sol.
Carne Assada, 1 de Janeiro de 2007
Bom 2007, minha gente! Façam-no bom.
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2 comentários:
não pode ser, esse sítio não existe.
existe, existe... :)
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