Tudo o que sabemos na vidaUma visitante aqui da casa deixou-me um repto numa
caixa de comentários: POR FAVOR ALGUEM ME DÊ UM BOM ARGUMENTO PARA VOTAR NO SIM.
Mas a razão principal para votar Sim, escreveu-a a própria no seu comentário:
só sei que nada sei. É por isso que votar Não é intrometer-se na consciência individual das outras mulheres e cercear-lhes a mais elementar liberdade. É um acto de intolerância e tirania, independentemente do que queremos para nós, ou do que achamos correcto.
Eu, por mim, e considerando a vontade que sempre tive de ter filhos, ia viver muito mal com a decisão de interromper uma gravidez, muito dificilmente optaria por isso. Mas eu só sei de mim, e mesmo de mim sei tão pouco... como posso ter o direito de decidir pela minha vizinha, ou pela mulher que atravessa o meu caminho na calçada, de cuja vida, aspirações, medos e condicionantes nada sei? Pela mesma razão, é-me extremamente ofensivo ouvir seja quem for dizer que tem o direito de determinar o que eu posso fazer com o meu corpo, que tem o direito de ilegalizar, julgar e condenar uma decisão tão pessoal e tão difícil. É este o meu argumento central, e é este argumento que faz com que um Não de certezas [diferente de um Não de dúvidas, como parece ser o caso da leitora em questão] me seja impossível de respeitar. Os tiranos não se respeitam nem se convencem, infelizmente; combatem-se. Poucas lições a História tem deixado tão claras.
IVG: Em caso de dúvida, vote SIM.