quinta-feira, agosto 10, 2006

Arrumos na selva II

Os gatos não gostam dos aspiradores. É compreensível. Um gigante que emite um contínuo ronronar ameaçador e que se o deixarmos aproximar nos suga ferozmente o pelo não é propriamente uma companhia agradável, sobretudo se recordarmos a mania chata do bicho em questão, a de vir transtornar o sono felino nos cantos mais privados da casa, com os seus meigos coices e a sua barulheira ensurdecedora. Ora, as cenas variam. Desde a fuga imediata em jeito de pantera, ao soprar e inchar para ficar do dobro do tamanho - coisa que, incompreensivelmente, dificilmente assusta o impertinente bicharoco.

O meu Sombra, habituado que está a que gatos diferentes de personalidades absolutamente díspares passem pela casa, o chateiem ou divirtam durante uns tempos e depois desapareçam como apareceram, já estabeleceu alguma proximidade com o aspirador. Não serão amigos, mas também não são propriamente antagonistas. Mas hoje, com este calor, o bicho foi deveras insuportável e inoportuno, perseguiu-o sem tréguas por cada canto mais frescote. O Sombra passou-se. Quando o bicho estava adormecido, de boca aberta, atacou-lhe a manápula insolente. De garras recolhidas, donde se pode dizer que o aspirador levou um belo par de galhetas. Mesmo assim, só acordou um bom bocado depois.

Isto preocupa-me. É que atacar alguém durante o sono não é coisa que se coadune com a nossa filosofia. Estou a ver que tenho de proibir o Sombra de sair para os telhados... não, já sei. Sombra Gomes, estás a partir de hoje proibido de ver televisão.

1 comentário:

Tiago disse...

Oh pá, mas também há gatos que gostam de ser aspirados! OK, não é bem o caso do Spike Lee, mas já ouvi relatos que atestam que é verdade...:P