Bombas fora de prazo
Depois de ter escutado testemunhos de portugueses no Líbano, desesperados pelos familiares em férias no sul, em choque com os civis que já viram morrer à sua frente desde que o festival recomeçou em Beirute e as notícias entraram em nostalgia dos saudosos eighties, confesso que não sabia se havia de rir, chorar ou gritar ao ver Tony Blair assegurando que o Irão, a Síria e o Hezbollah estão a tentar criar um clima de instabilidade e conflito na região. Faz sentido. Israel é nada mais que um pobre perdido que se defende das ameaças bombardeando os vizinhos, soberanos ou invadidos, pensando assim, com a ajuda dos EUA, aliviar esse clima de tensão que os representantes do eixo do mal tão diligentemente tentam impôr.
Tony Blair e George W.Bush, lado a lado, garantindo que o Hezbollah é financiado pela Síria e pelo Irão, com ar calmo e de quem nem perde o sono com as peças do Risco que são comidas pelo adversário, sim sim, é tudo verdade, o fundamentalismo do outro lado, as agressões do outro lado, enquanto com a sua ajuda, Israel vai estendendo novamente o seu braço de sangue.
Onde é que eu já vi isto? Estas verdades absolutas que tudo justificam? Estes dois de braço dado? Dispara-me na cabeça aquela tão familiar designação - Weapons of Mass Destruction, Armas de Destruição Massiva, e não é o título de um filme com o Harrison Ford a bordo do Air Force One.
Alguém sabe dizer-me que é feito de um país que se chamava Iraque? Ainda está por aí, para recordação e memorial? Ou já se obliterou por completo?
É nisto que dá, ignorar jornais e telejornais durante duas semanas. O choque do regresso é brutal. E de repente ouve-se o senhor José Júdice, no outro Eixo do Mal, o da SICN, afirmando tão relaxadamente que é tudo muito simples, que não é uma questão geo-estratégica nem de petróleo, que é meramente um problema étnico, sim claro, eles odeiam-se uns aos outros, pronto. Deve ter razão, e sempre que existiram períodos em que as tréguas e a convivência pareciam possíveis estávamos todos a sonhar de olhos abertos, cambada de líricos. Aliás, judeus e árabes que vivem em Portugal não se matam uns aos outros todos os dias nem sei como. Eu por mim até digo mais, bem alimentadinhos a rivalidade, o provincianismo e o ressabiamento, houvesse petróleo entre Lisboa e Porto, e haviam de ver o escarcéu que se armava...
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4 comentários:
Sei que não tem nada a ver com o teu post brilhante de hoje... mas que tal está o Chaplin (ex-Gonçalinho)?
"ouve-se o senhor José Júdice, no outro Eixo do Mal, o da SICN, afirmando tão relaxadamente que é tudo muito simples, que não é uma questão geo-estratégica nem de petróleo, que é meramente um problema étnico (...)"
O amigo Manel, deixa lá...o homem tem direito a ser um idiota. Dos grandes, pelos vistos.
O Gonçalinho, Chaplin ou Charlie, como agora deram para lhe chamar, está óptimo. Aliás, devo uma chamada à Truta Rodrigues para pô-la ao corrente do percurso do nosso amigo, conquistador de lares e corações - desde que não de gatas, eheh...
Max... pois. Que dizer mais? Pois...
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