domingo, julho 30, 2006

Gelado de vinil com nozes e chantilly


Você é uma pessoa exuberante e que não se preocupa demasiado com o que os outros pensam de si. O caminho da normalidade raramente é aquele que você escolhe trilhar. Gosta de se divertir e não se importa nada de ser o foco de todas as atenções.


Confesso que, com as respostas que dei, estava deveras preocupada com o resultado. Enfim, que incógnitas revelações poderão nascer da confissão de que as melhores guloseimas de todos os tempos são as petazetas e os cigarros fumados clandestinamente atrás do pavilhão da escola? Mas essa história de gostar de ser foco das atenções... só mesmo quando me pagam um cachet jeitoso, que isto de ser palhaço profissional tem que se lhe diga.

I want your looooooove! I want your loooooooveeeeee!!!

quarta-feira, julho 26, 2006

Palavras - palmas da mão

Porque, bem vê, só quando estamos esgotados (de ternura ou de qualquer outra força) reconhecemos a nossa inesgotabilidade. Quanto mais dermos mais nos sobra, desde que prodigalizemos - é uma coisa sempre a brotar! Sangremo-nos - e seremos fonte viva."

Marina Tsvietaieva, in Noites Florentinas, Oitava carta

sexta-feira, julho 21, 2006

Passarinhos da Ribeira






Porto, Julho de 2006
The Israeli measured response [US/UK copyright]



Entrem AQUI para ver as imagens do efeito destes mísseis sobre os civis, adultos e crianças libaneses, a quem são destinados. Não coloco aqui nenhuma foto... apenas porque não quero ser demasiado ostensiva na minha revolta. Percorre-se o site e a alma encolhe de vergonha e asco. A pergunta repetida entre fotografias ecoa continuamente - measured? meaSURED? MEASURED? Tenho apenas uma pergunta, no meio de tudo isto que parece indiferente às chamadas comunidades internacional e árabe: e estes mortos, não contam?

Entrar AQUI para assinar a petição electrónica a ser entregue a representantes políticos do mundo inteiro.


...

Macaco repulsivo, o ser humano.

domingo, julho 16, 2006

Bombas fora de prazo

Depois de ter escutado testemunhos de portugueses no Líbano, desesperados pelos familiares em férias no sul, em choque com os civis que já viram morrer à sua frente desde que o festival recomeçou em Beirute e as notícias entraram em nostalgia dos saudosos eighties, confesso que não sabia se havia de rir, chorar ou gritar ao ver Tony Blair assegurando que o Irão, a Síria e o Hezbollah estão a tentar criar um clima de instabilidade e conflito na região. Faz sentido. Israel é nada mais que um pobre perdido que se defende das ameaças bombardeando os vizinhos, soberanos ou invadidos, pensando assim, com a ajuda dos EUA, aliviar esse clima de tensão que os representantes do eixo do mal tão diligentemente tentam impôr.

Tony Blair e George W.Bush, lado a lado, garantindo que o Hezbollah é financiado pela Síria e pelo Irão, com ar calmo e de quem nem perde o sono com as peças do Risco que são comidas pelo adversário, sim sim, é tudo verdade, o fundamentalismo do outro lado, as agressões do outro lado, enquanto com a sua ajuda, Israel vai estendendo novamente o seu braço de sangue.

Onde é que eu já vi isto? Estas verdades absolutas que tudo justificam? Estes dois de braço dado? Dispara-me na cabeça aquela tão familiar designação - Weapons of Mass Destruction, Armas de Destruição Massiva, e não é o título de um filme com o Harrison Ford a bordo do Air Force One.


Alguém sabe dizer-me que é feito de um país que se chamava Iraque? Ainda está por aí, para recordação e memorial? Ou já se obliterou por completo?


É nisto que dá, ignorar jornais e telejornais durante duas semanas. O choque do regresso é brutal. E de repente ouve-se o senhor José Júdice, no outro Eixo do Mal, o da SICN, afirmando tão relaxadamente que é tudo muito simples, que não é uma questão geo-estratégica nem de petróleo, que é meramente um problema étnico, sim claro, eles odeiam-se uns aos outros, pronto. Deve ter razão, e sempre que existiram períodos em que as tréguas e a convivência pareciam possíveis estávamos todos a sonhar de olhos abertos, cambada de líricos. Aliás, judeus e árabes que vivem em Portugal não se matam uns aos outros todos os dias nem sei como. Eu por mim até digo mais, bem alimentadinhos a rivalidade, o provincianismo e o ressabiamento, houvesse petróleo entre Lisboa e Porto, e haviam de ver o escarcéu que se armava...

segunda-feira, julho 03, 2006

Há dois anos e meio...

... o George escrevia acerca de Álvaro de Campos:

O problema da solidão é ter de viver connosco. Por isso criamos pessoas que vivem ca dentro. E quando as queremos matar, já não sabemos quem somos, quem éramos, quem queríamos ser. Matar alguém assim está sempre entre o suicídio e o assassinato. Talvez por isso tenhamos tanto medo e tanta vertigem. De matar a pessoa certa ou a errada
;

e eu escrevia a propósito de uma proposta de casamento que fiz à Truta Vermelha-Rodrigues, num post sobre o Porto:

Não tenho a tua vida, ó Vermelha! Só agora é que vi o desafio da argentinidade (bela expressão, hem?). Não conheço nenhuma daquelas expressões, mas em compensação havias de me ouvir a cantar a María de Buenos Aires!



Há momentos em que se sente claramente que há um ciclo que se fecha.

domingo, julho 02, 2006

Camião TIR

Merecidos nome e apelido do meu último mês no Porto, ou entre o Porto e Buenos Aires. Daqui a dois dias já estarei em Lisboa, para ficar. Ao fim de oito meses, sinto-me mais mulher e mais criança, mais crescida e mais acordada, mais entregue ao caminho que escolhi ou me escolheu - feliz dúvida que por vezes me assalta e que não quero ver desfeita. Duvido, logo existo. E a vida assaltou-me a alma, fez-me chorar de revolta - até de raiva, de mágoa, de infelicidade, de medo, e de êxtase, felicidade, amor, amizade, e das dores do crescimento - pelo menos meio-metro de espírito e meio-quilómetro de resistência, quero crer. Também me fez sorrir, a vida, por vezes de desdém, por vezes de escudo, por vezes de timidez, de alegria, de embevecimento.

Aprendi muito. Aprendi tanto que aprendi a errar. E a acertar. Agora mereço casa, desejo casa, anseio por levar às gaivotas do Tejo os cumprimentos das primas do Douro. Anseio, como me dizia um querido amigo acerca de si próprio há umas horas atrás, por tomar terra, para deixar que o que sou se habitue a viver dentro de mim. Para que possa continuar a crescer. Na rua e no palco. Muito obrigada a todos os que me ajudaram - os especiais, que espero que saibam que o são, e os que o fizeram sem intenção, até os que o fizeram com a intenção oposta. Gosto de estar viva, assim como estou. Maríamente.