quarta-feira, julho 28, 2010

Carandirú.



às três.

às três são onze. são três mas no corpo... as pernas cá, o coração ainda lá, corra embora o sangue deste lado do charco. ainda canto, ainda exalo mamão e abacaxi com hortelã, ainda sinto a garoa. pan américas de áfricas utópicas túmulo do samba mas possível novo quilombo de zumbi, até logo, até mais. escuita, nóis vorta, nóis vai vortá.



terça-feira, julho 27, 2010

ocê travessou contra-mão.

de lembrança guardo somente suas meias, o seu sapato. Iracema... eu perdi o seu retrato.

Estação da Luz: Sampa, dia 1

Museu da Língua Portuguesa sabes que a língua é tua quando tudo nela te faz chorar de erro e acerto. menas é mais. e nós vai sambar. (se há sítios especiais feitos no mundo pela mão humana, ESTE é sem dúvida um deles.*)

starting over Blue!

segunda-feira, julho 05, 2010

hoje, às 18h, todos ao Maria Matos.


O anunciado corte de 10% dos apoios do Ministério da Cultura já contratualizados com todos os agentes culturais decorre da cativação de 20% no orçamento do MC. No entanto, o orçamento do MC tem vindo a ser reduzido de forma drástica nos últimos anos e é um dos mais baixos da Europa. Apesar disso, o trabalho dos agentes culturais tem um impacto positivo crescente na economia portuguesa. Os agentes culturais têm criado cada vez mais riqueza, o que torna as estruturas e trabalhadores da cultura num exemplo de solidariedade com as dificuldades económicas do país e de sucesso no esforço de crescimento com que Portugal é hoje confrontado. Neste sentido, os cortes anunciados são profundamente injustos.
A Senhora Ministra Gabriela Canavilhas considera os cortes anunciados “uma redução de uma pequena parte das verbas”. Trata-se, é certo, de uma parcela residual no esforço global que é exigido a todo o país. No entanto, dada a precariedade do meio cultural e artístico, tal como a ausência de protecção social dos trabalhadores desta área, qualquer redução das já parcas verbas atribuídas aos agentes culturais tem um impacto tremendo e fará entrar em recessão uma actividade que está em crescimento. Ou seja, cortar pouco dinheiro numa actividade que já tem muito pouco, tem efeitos mais graves do que cortes iguais em actividades onde os apoios são muito mais significativos. Neste sentido, os cortes anunciados são desproporcionais e desiguais. São também ineficazes, uma vez que causam estragos irreversíveis no tecido cultural e artístico. Diversos projectos serão cancelados sem grandes benefícios no combate ao défice, uma vez que, como a própria titular da pasta assume, são “pequenas” as verbas resgatadas. É, assim, em nosso entender uma medida incorrecta que não defende nem o esforço de redução da despesa pública, nem a população portuguesa nem os agentes culturais.
O corte de 10% de todos os apoios estatais aos agentes culturais de todas as áreas é anunciado pela Senhora Ministra da Cultura como a “única forma” de assumir compromissos anteriores e novos financiamentos para 2010. No entanto, a tutela esquece-se de mencionar a total ausência de informação por parte da Direcção Geral das Artes em relação aos apoios anuais e pontuais já atribuídos e por atribuir. Estes cortes são anunciados num momento em que os atrasos nos concursos e a total ausência de comunicação por parte do MC, tinha já lançado o tecido artístico e cultural num impasse impossível de suportar.
Ainda que se entenda que, num conjunto de medidas de restrição orçamental em todos os sectores, o Governo não queira criar nenhuma situação de excepção que pudesse descredibilizar perante a opinião pública o conjunto dessas medidas, também nos parece inaceitável que os cortes no financiamento se transformem, no caso da produção cultural, em medidas de penalização de um sector que contribui generosamente para uma valorização do país contando apenas com verbas de apoio Estatal extremamente reduzidas. E muito menos aceitável que as medidas possam ter carácter retroactivo, obrigando os produtores culturais a pagar ao Estado verbas que já gastaram e que acreditaram que lhes tinham sido atribuídas, destinadas a viabilizar projectos de utilidade pública. Tais medidas retroactivas viriam a pôr em causa a própria boa fé do Governo aquando da atribuição dos apoios, como se afinal não julgasse essas verbas necessárias.
Também é difícil de aceitar que o próprio Ministério da Cultura desconheça os mecanismos de produção e não entenda como em tantos casos (os mais organizados), baseados nas anunciadas e tantas vezes já contratadas atribuições de apoios, será impossível voltar atrás na programação prevista e cancelar compromissos já assumidos com terceiros.
Dado que no orçamento geral do Estado as verbas destinadas à Cultura pesam afinal tão pouco e que os produtores culturais tanta generosidade têm demonstrado trabalhando com verbas tão escassas para a valorização cultural do país, (e uma breve comparação com os custos de produção de outros países europeus imediatamente o confirmaria), julgamos que seria indispensável uma mais profunda revisão das medidas de restrição anunciadas pela Senhora Ministra da Cultura.


PLATAFORMA DO TEATRO

Ar de Filmes
Artistas Unidos
Barba Azul
Casa Conveniente
Chão de Oliva
Joana Teatro
Mala Voadora
Mundo Perfeito
O Bando
Primeiros Sintomas
Qatrel
Teatro da Comuna
Teatro da Cornucópia
Teatro da Garagem
Teatro da Rainha
Teatro do Vestido
Teatro dos Aloés
Útero

sexta-feira, julho 02, 2010

estes sábado e domingo, às 21h, no CCB.



porque apesar de tudo o amor ainda tem lugar neste mundo.
quase tanto como o poder. com f.







Criação TEATRO PRAGA (ANDRÉ E. TEODÓSIO | CLÁUDIA JARDIM | JOSÉ MARIA VIEIRA MENDES | PATRÍCIA DA SILVA | PEDRO PENIM)
Direcção musical MARCOS MAGALHÃES
Iluminação DANIEL WORM D’ASSUMPÇÃO
Som RICARDO GUERREIRO
Realização vídeo ANDRÉ GODINHO
Cenários BÁRBARA FALCÃO FERNANDES
Maquilhagem JORGE BRAGADA
Produção BRUNO COELHO, CRISTINA CORREIA, SARA MAURÍCIO
Assistência JOSÉ NUNES

Com ANDRÉ E. TEODÓSIO | CLÁUDIA JARDIM | DIOGO BENTO | JOANA BARRIOS | JOANA MANUEL | MIGUEL VEIGA | PATRÍCIA DA SILVA | RODOLFO TEIXEIRA
Solistas ANA QUINTANS | JOÃO SEBASTIÃO | NUNO DIAS | ROSSANO GHIRA Coro GRUPO VOCAL OLISIPO
Artistas convidados ANA PÉREZ-QUIROGA | CATARINA CAMPINO | JAVIER NÚÑEZ GASCO | JOÃO PEDRO VALE | LEO RAMOS | ROGÉRIO NUNO COSTA | THE END OF IRONY (DIOGO LOPES, IVO SILVA, MIGUEL CUNHA, RICARDO TEIXEIRA E RITA MORAIS) | VASCO ARAÚJO | VICENTE TRINDADE
Equipa de filmagem CLÁUDIA MORAIS | FRANCISCO MOREIRA | JOÃO MARTINS | LEONOR NOIVO | NUNO MORÃO | TIAGO OLIVEIRA

sexta-feira, junho 18, 2010

desprendeu-se a vontade de Baltasar Sete-Sóis, mas não subiu às estrelas, se à terra pertencia e a Blimunda.

como o cão dos cegos, chega-se demais aos humanos e acaba-se por sofrer como eles. a morte inventou deus e Saramago enfrentou-os ambos, as lágrimas lambidas, os dedos nas palavras.

quarta-feira, junho 09, 2010

se não for a bem...



»Crystal Brass Knuckle (I am going to realign your chakras motherf*****)«, 2009 by Debra Baxter.

domingo, junho 06, 2010

excusing myself.



I had a hole in the middle where the lightning went through it
told my friends not to worry
I had a hole in the middle someone's sideshow wouldn't do it
I told my friends not to worry

terça-feira, junho 01, 2010

Louise s'en est allée...


Louise Bourgeois (25 de Dezembro de 1911 – 31 de Maio de 2010 ) em 1990,
atrás de Eye to Eye (mármore, 1970)
por Raimon Ramis



... bonne nuit, tristesse.

segunda-feira, maio 31, 2010

unir os pontos

Eu sei que são redes sociais e não veio nada no telejornal. E também sei que só nas redes sociais vi descrito aquilo que vi com estes-que-a-terra-não-há-de-comer(-porque-vão-para-doação) no fim da manifestação de ontem, ao início das Portas de Santo Antão. No telejornal da dois reportaram-se desacatos e confrontos com a polícia onde eu vi tropa de choque de metralhadora em punho em barreira frente a gente de mãos nuas, onde houve cacetada geral para lidar com um bêbado. Repito, um. Repito, bêbado. Numa tasca. Sobre as armas nas mãos dos agentes, nem uma palavra, nem uma imagem. Como se não fosse relevante. Dica importante para os tempos que parecem avizinhar-se: quando se dirigirem à polícia de intervenção, façam-no SEMPRE de mãos no ar. Este é o ponto 1.

O ponto 2 é que não são de ontem as denúncias. As nossas polícias são velhas frequentadoras do rol de abusos democráticos da AI, e as histórias do boca-a-boca não são poucas, perdidas nos corredores das esquadras e na lixeira dos não-ditos em que sempre nos sentimos em casa. Mas nos últimos dias o nervosinho roça a demência. Maxilares partidos, tímpanos furados, pessoas interrogadas a quem são negados os telefonemas porque "não estão detidos, logo não têm direitos". Os agentes da agressão sempre sem identificação. Esfumando-se no ar. Os polícias que lutam por direitos laborais, ignorados e desrespeitados sistematicamente. A esquizofrenia como modo de vida. That's us, folks!

Mas há um 3. A quem interessa nesta altura que a polícia se descontrole e que no final de uma tarde com 300 mil na rua, a arruaça precise da PSP para acontecer? É que ao governo não me parece que interesse muito. E não estou numa de advogado do diabo, porque não acredito. No diabo, quero dizer.

O ponto zero deste post é o terceiro ponto zero da semana, depois do maxilar partido do puto Vasco e da cacetada indiferenciada por causa de um bêbado que estava a chatear. E é este.
"Nesta madrugada, por volta das 2h da manhã, Alexandre Gonçalves, fotojornalista, estava no bairro alto quando viu uma rapariga no chão com um policia a por-lhe o pé na cabeça enquanto outros lhe batiam com o cacetete. Ele começou a tirar fotos e foi logo espancado também.
Mais dois jovens tentaram defendê-lo mas foi em vão.
Foram todos levados para a esquadra onde Alexandre só não foi mais agredido porque informou que era jornalista. Devolveram a máquina mas sem cartão e portanto sem fotos.
Iremos divulgar as fotos das agressões das pessoas, que segundo o Alexandre, foram brutalmente espancadas nas ruas e na esquadra.
Dois dos jovens ficaram com os timpanos furados.

Amanhã haverá uma audição no tribunal do parque das nações, com estes jovens, às 10h.
Vai e demonstra a tua indignação. "

Estarei ao lado, a apanhar o comboio para o Porto, muito contra minha vontade.

quinta-feira, maio 27, 2010

porta azul #3 — silêncio


janelas verdes, maio de 2010

quarta-feira, maio 26, 2010

aqui.

na segunda casa outra vez. a matar saudades e outras coisas. outra vez. olá Porto.


terça-feira, maio 25, 2010

ao carril.

choveu-me em cima. a manhã toda a dizer, é só chuva, queres o ar aberto, não fujas à água. não fujo. hoje, na batalha, penso em mim. deixo para trás tudo o que tem o veneno do que me deves, tudo no que te registaste em credor-mor. guarda. ou deita fora. já não é meu. tenho mundos demais para me deixar definir em âncoras tortas. tenho coração a mais para me deixar desenhar em quistos. tenho o mar pela frente. e o leme na mão. não quiseste vir, ao menos acena. se queres cobrar-me por não ficar, fá-lo-ás, como já o fizeste, mas fá-lo-ás só. e só a ti vai doer.

não deito tudo fora, não. mas a caixa onde fica o espólio arrumado tem de me sair do caminho. tem de ir à água. mulher ao mar!! e o cigarro aceso na vela.

domingo, maio 23, 2010

segunda-feira, maio 17, 2010

para o professor Aníbal, com um beijinho fofo.




somos todos mais iguais por sermos diferentes. somos um país um bocadinho menos pequeno. apesar do presidente que temos.

PARABÉNS A TODOS! que rica maneira de acabar o Dia Internacional da Luta contra a Homofobia e a Transfobia. às vezes isto encaixa que nem relógio.

sexta-feira, maio 14, 2010

e os mortos do franquismo continuam a morrer.

Baltasar Garzón foi mesmo suspenso. Vivemos tempos ainda mais negros do que parecem à primeira vista.

sábado, maio 08, 2010

histórias para meninos.

por Rui Rebelo sobre letra de Miguel Castro Caldas. eu cá ando a fazer o que posso, rapazes.

sexta-feira, maio 07, 2010

bullying.

aquilo que se faz aos mais pequenos enquanto os grandes nos comem os papas na cabeça.


priorizar ou a deus o que é de césar, ao povo papas e bolos.

custos da visita do Papa: cerca de 37 milhões de euros. cortes nos subsídios de desemprego: 40 milhões. mais depressa um camelo passa pelo buraco de uma agulha...



a partir de onze de maio, pelos crimes da Igreja Católica e pela falta de laicidade (leia-se, vergonha) da República Portuguesa, panos pretos nas janelas.

quinta-feira, maio 06, 2010

o pano preto na varanda



CONDICIONANTES CERIMÓNIA NO TERREIRO DO PAÇO:


07 de Maio (22h) a dia 12 de Maio (00H00) – Trânsito irá ser encerrado na Av.

Ribeira das Naus/Av. Infante D. Henrique, entre o Campo das Cebolas e

Cais do Sodré.


11 de Maio (07H00 às 20H30) – Trânsito encerrado nos seguintes locais:

Rua Cais de Santarém

Av. Infante D. Henrique

Av. 24 de Julho

Praça dos Restauradores

Largo de Camões

Martim Moniz


11 de Maio (07H00 às 21H00) – Cortes e condicionamentos de trânsito:

Cais do Sodré – Trânsito cortado desde o dia 7 de Maio

(montagem palco) e será condicionado e desviado para a Rua da

Misericórdia;

o Alternativas – Av.ª 24 de Julho, Rua do Alecrim e Rua

Cintura do Porto de Lisboa;

Av. Liberdade

o Alternativas - Lateral descendente até à Praça da

Alegria, Príncipe Real, Rua da Misericórdia e Cais do

Sodré, Rua da Escola Politécnica e Largo do Rato

Rua da Prata – Trânsito encerrado

o Alternativas - Rua da Madalena em direcção ao Largo do

Martim Moniz

Rua Cais de Santarém – Trânsito cortado e desviado para a Av.ª

Infante D. Henrique para inversão;

Av. Infante D. Henrique – Trânsito fortemente condicionado e

desviado para artérias alternativas em Santa Apolónia e Viaduto

Mouzinho de Albuquerque (à excepção dos autocarros que vão até

Santa Apolónia);

Largo da Madalena – Trânsito fortemente condicionado e desviado

para a Rua da Madalena em direcção ao Martim Moniz;

o Alternativas – Largo do Martim Moniz, Rua de S. Lázaro

e Almirante Reis;

Largo do Martim Moniz – Trânsito condicionado e desviado no

início da Rua D. Duarte para Norte;

o Alternativas – Calçada de Santo André, Rua da Palma e

Rua de S. Lázaro;

Largo do Camões/Rua do Alecrim – Trânsito condicionado e

desviado para a Calçada do Combro e obrigado a inverter (à

excepção dos autocarros que vão até Cais do Sodré);

Av.ª 24 de Julho – Trânsito condicionado e desviado para a Av.ª D.

Carlos I (à excepção dos autocarros que vão até Cais do Sodré)

o Alternativas - Rua da Boavista e Rua de S. Paulo


da nota de imprensa do comando metropolitano da PSP Lisboa.


Isto é só o bocadinho relativo à missa no Terreiro do Paço. A nota tem oito páginas onde muita coisa vem descrita —nomeadamente as honras militares, que eu suponho que consistam em pôr os soldados a darem a outra face aos oficiais superiores. Ora acontece que recebi esta nota hoje em pdf ao mesmo tempo que uma ciberdiscussão crescia, e não posso deixar de notar em alguns católicos uma certa vitimização que não pode pegar quando se defende tamanho poder, tamanha imposição. Acontece que é verdade que o alvo a bombardear é o Estado, a República Portuguesa, mas também a ICAR, a instituição e a hierarquia. Acontece que um chefe de Estado só é assim recebido se for o nosso chefe de Estado, se for um herói e, sobretudo, se vivermos uma situação excepcional ou, hélas, uma ditadurazeca. E um líder religioso usa dos próprios meios da sua assembleia para espalhar o seu evangelho. E faz as missas no seu património, que não é pouco, ou vai para o Pavilhão Atlântico como o Dalai Lama, ou para o estádio do Restelo, como em tempos foi o Papa anterior. Mas isso deve ter sido um lapso, demasiada proximidade ainda do PREC, vulcão que apesar de tudo largou cinzas no ar. Hoje aqui temos o papa-tudo, o melhor de dois mundos, o poder terreno e a imunidade divina.

Acontece também que o poder desta espécie de chefe de estado cujo reino não é deste mundo mas pelo sim pelo não tem um Banco próprio e uns Prada no armário, é trágico e de todos nós, é histórico e tirânico e generalizado. Está dentro das nossas cabeças, está em tantos dos nossos medos, em tantos buracos, em tantas patologias. Não estou a falar da doutrina de Cristo. Não estou a falar das pessoas que com ela no coração foram fazendo, e continuam a fazer, o contraponto da história dos poderes, quer de fora quer de dentro —e são muitas, benza-as o seu deus, eu por elas agradeço. Não estou a falar dos percursos interiores, da fé, da procura. São coisas que respeito, e que em muitos casos aprecio, nos católicos como em todos os seres humanos. Mas não vamos enganar-nos: quando falamos da instituição ICAR não é da doutrina de Cristo que falamos, é de um poder terreno, secular, não-eleito, tirânico e fundamentalista. Obscurantista. Há menos de 40 anos ainda aqui determinava legalidades e ilegalidades, ainda misturava os seus sacramentos na organização do Estado. Há três anos ainda queria continuar a determinar as escolhas que eu podia ter sobre o meu próprio corpo até às dez semanas de uma gestação, como se o meu ventre não fosse eu, como se eu não fosse ninguém. Ainda não desistiu, ainda tem esperança de conseguir voltar atrás. Hoje, pouca prudência ganha, continua a dizer que os meus amigos homossexuais não têm relações de pleno direito e as suas famílias não existem face ao Estado de todos nós. Não vale a pena falar muito sobre a protecção de pedófilos, o corte total e abjecto de confiança quando é a confiança mais íntima que exige aos fiéis. Direi apenas que é por tudo isto que dentro de poucos dias um pano preto adornará a minha varanda. Um bem grande. E bem negro.

Não posso fugir ao Stephen Fry: a Igreja Católica não é uma força do bem no mundo. E nós recebemos o seu líder como se fôssemos seus súbditos. Para alguns, dizer isto é atacar o Papa porque somos anti-clericais, porque tudo serve para zurzir, porque se é radical. Para mim, não o dizer é ser cúmplice e contribuir para enfraquecer a República e o Estado Laico em que a minha Constituição diz que vivo. E eu fico estupefacta, confesso, que se considere admissível o aparato e o transtorno generalizado com que esta visita se apresenta sem se acreditar realmente que é ali que reside A Verdade. E quanto a isto, nada posso acrescentar, senão que teria de agradecer às pessoas que pensam assim, se assim o pensam de facto, a condescendência de serem minhas amigas.

Isto não é um assunto qualquer. Isto é um assunto nosso. Tanto meu, ateia praticante de antenas no ar, como de qualquer católico. Tu, católico, entras na igreja pelo teu pé. A mim, arrastam-me. Mas arrastam mesmo, desde a nascença. Não te esqueças disso quando comigo discutires este assunto que te pode parecer só teu. Eu não estou de fora a bombardear. Estou presa dentro a dizer que quero sair.


AQUI, católicos ou não, assinem a petição Cidadãos pela Laicidade.

domingo, maio 02, 2010

fase


são bento, abril de 2010


tive de cortar o cabelo. estou naquela fase.

esbatendo-se.


Bill Viola, The Reflecting Pool
video, color, mono sound, 1977-79
(Frenoys, Abr 2010)

I was trying to get ar the original notion of baptism in a way—a process of cleansing or clearing away, and the idea of breaking through illusion. Water is such a powerful, obvious symbol of cleansing, and also of birth, rebirth and even death. We como from water and ina way slide back into its undifferentiated mass at death.

(...)

In the mid-1990's when I was having lunch with some art collectors, one of them, a trauma surgeon, kept looking at me and finally said, "have you ever had a near-death experience?" I was taken aback, but finally said "Yes," and it occurred to me then for the first time that what I always remembered as a positive, even blissful experience was in fact a near-death crisis. I was six and a half years old, on a family vacation in Upstate New York, when I jumped off a raft and forgot to hold on to my inner tube. I went straight to the bottom, opened my eyes, and saw this incredible vision of an underwater landscape I never knew existed. It was turquoise blue and emerald green, with shimmering shafts of light, fish swimming, and plants undulating in the current. It was beautiful, and I was calm and had no fear. Then, an arm came down and roughly yanked me back up to the surface. It was my uncle, but I was annoyed because I wanted to stay there. To this day I can see that blue-green place and feel that peaceful calm vividly. It is the closest image I have to Paradise.

(...)


It's actually fairly primitive as far as video effects go. It would be easier to do today than when I did it a few years ago. The key element of the piece, as in a lot of my other work, is the stationary camera. Keeping the camera in the same place automatically means that any objects that have not moved between different recordings can be registered (aligned) again, and reconstructed to make a whole image. I've been trying to work for a while with recombining levels of time within the frame, times which are not strictly dependent on ghe sort of absolute time of the running of the videotape machine.


from interviews with Bill Viola, 1985, 2007, 1985