segunda-feira, agosto 24, 2009

le chat sur les mur murs

havia a fotografia. e a ela, com tanto Avignon dentro da objectiva, faltavam-lhe as palavras. e se no fim da imagem encontrasse as palavras, ela confiava encontrar também o cinema. depois descobriu que não era bem assim. e no caminho para essa viuvez branca da inocência que se quer perdida, construíu-se em ruas e areia, em vagas sucessivas, em espelhos, em amor e perda, na doença, no documento dos filhos que lhe cresceram na película. e tudo está ali resumido, a velha de costas e o pequeno Jacquot ausente, a imagem parece geométrica, mas o pé esquerdo apoia-se no ferro e o direito encosta-se àquele discreto desequilíbrio que subverte essa aparente solidez da imagem. a imagem tomba. e pode bem passar por nós sem que notemos porquê. e tudo se me resume ali. na velha branca encapuzada, na viúva branca sentada na sua cadeira, no pequenino desequilíbrio de traços que lhe assina a imagem.






mas no fundo não é mais do que isto. le film d'une petite vieille bien-vivante, une cinéaste qui aime faire du cinema. só isso. porque nisso está tudo.

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